Poucos lugares são tão especiais a ponto de nos atrair, como uma bela praia emoldurada por densa vegetação nativa! Colocada no limite entre a mata e a areia do mar, este é o lugar da CASA BOOMERANG! Cada projeto é especial: atende especificidades de famílias diferentes e de locais diferentes. Com certeza, grande parte da beleza de um projeto não vem do próprio objeto em sí, mas do local que o recebe.
Foi pensando nisto que este projeto foi elaborado. O cuidado com a implantação da casa, pensar na linhas de visão que poderiam ser aproveitadas desde o interior da residência; a necessária proteção contra o vento forte predominante, que vem do mar; a obvia exposição da casa aos que transitam pela praia; tudo isto foi tratado cuidadosamente para que o resultado não fosse apenas a beleza do edifício, mas uma junção do objeto arquitetônico com o lugar no qual está arraigado!
Trata-se de uma casa em três níveis: os dois primeiros são para moradia da família e o terceiro destinado ao trabalho. Um pé-direito triplo interliga verticalmente estes três níveis. No pavimento térreo, a varanda dá acesso imediato á praia, através do jardim. Na cobertura, pilares metálicos, especialmente tratados contra corrosão, sustentam o pergolado de concreto.
Assim como na CASA CAMUFLAGEM e na CASA BL, aqui novamente a volumetria desenvolvida á partir da topologia mostrou-se mais eficiente como abordagem de projeto, tornando possível implantar um programa bastante extenso num espaço relativamente pequeno. Todos os espaços sociais estão dispostos de forma a provocar o observador a olhar para fora da casa, adimirando o entorno ensejado pela linha do horizonte marítimo! Ventilação e iluminação natural abundantes e circulação de pessoas bem planejada são os principais elementos ordenadores deste projeto.
Mais uma vez, a base conceitual deste projeto também é o “Funcionalismo Topológico” (*nos termos do próprio autor do projeto), método projetual desenvolvido pelo arquiteto para uma implantação que promova a melhor identificação de lugar* possível, distribuindo os espaços topológicamente, ou seja, sem a rigidez de uma malha ortogonal amplamente utilizada nos projetos comuns. Este tipo de distribuição espacial considera a importância da funcionalidade sem, contudo, se deixar prender pela frieza da geometria euclidiana.
*Identificação de lugar: abordagem projetual baseada em fenomenologia, para captar a essência do lugar, suas virtudes, seus valores. Defendida pelo teórico da arquitetura Christian Norberg-Schulz (1926-2000).