Envolvida pela vegetação nativa, a CASA CAMUFLAGEM está inserida em um contexto de abundante fauna e flora típicas da Serra do Mar. O próprio projeto urbanístico deste condomínio foi pensado de forma a cercar cada uma das casas com estas riquezas naturais, criando verdadeiros oásis domésticos. A partir da área de lazer da moradia pode-se acessar uma espécie de “pequena floresta particular”, que nos faz esquecer que estamos dentro de uma cidade!
Os proprietários desta casa formam uma familia bastante unida, que utilizam-na como sua segunda residência, um ponto de encontro para três gerações: avós, filhos e netas. Amplos espaços de lazer e dormitórios extras favorecem o acolhimento fraterno dos amigos queridos que estão sempre por perto.
Neste projeto o cliente acolheu as ideias do arquiteto para criação de um lugar que funcionasse como um imã, capaz de atrair e manter por perto as pessoas amadas. Através de uma implantação sensível ao ambiente pré-existente, e de uma organização espacial acolhedora, o objetivo foi alcançado! A volumetria da casa é topológica, não euclídea, quase que como num formato de ferradura, abraçando a piscina. Os espaços sociais são interligados e a circulação é totalmente desimpedida.
A base conceitual deste projeto é o “Funcionalismo Topológico” (*nos termos do próprio autor do projeto), método projetual desenvolvido pelo arquiteto para uma implantação que promova a melhor identificação de lugar* possível, distribuindo os espaços topológicamente, ou seja, sem a rigidez de uma malha ortogonal amplamente utilizada nos projetos comuns. Este tipo de distribuição espacial considera a importância da funcionalidade sem, contudo, se deixar prender pela frieza da geometria euclidiana.
A principal inspiração deste projeto foi a produção arquitetônica do modernista alemão Hans Scharoun (1893-1972), que mesclava topologia com organicismo de forma extraordinária! Traços da influência do modernismo catalão desenvolvido pelo arquiteto espanhol Antoni Gaudí (1852-1926) também aparecem neste projeto, através dos mosaicos do tipo “trencadis” que revestem os muros da fachada frontal e que dão nome a este projeto.
*Identificação de lugar: abordagem projetual baseada em fenomenologia, para captar a essência do lugar, suas virtudes, seus valores. Defendida pelo teórico da arquitetura Christian Norberg-Schulz (1926-2000).